quarta-feira, setembro 01, 2010

O mundo de antigamente - Parte I.

Antigamente, quando eu era criança, chamávamos prótese dentária de dentadura...chapa...era o nome comum. Hoje, nos idos do século XXI, é extrema falta de educação dizer que alguém usa dentadura. Quiçá chapa!

Antigamente, chamar alguém pela cor da pele, era tão comum, quanto chamar um paraibano de Paraíba. Perto da casa da minha avó, havia uma mulher conhecida por “D. Preta Sabá”. Falar com os mais velhos, sem usar a expressão Dona, Senhora, Seu...Senhor, era uma falta de educação terrível!

D. Preta Sabá era negra, e se chamava Sebastiana. Quando lhe perguntavam o nome, ela respondia com orgulho: Dona Preta Sabá!

Não havia racismo nisso. Racismo era humilhar alguém por causa da sua cor.

A maior parte dos amigos de infância do meu pai, o conhecem por “Japonês”. O racismo é invenção do século XXI.

Se alguém não ouvia bem, dizia-se que era surdo...môco...e a vida seguia seu rumo. Nos dias de hoje, chamar alguém de surdo é tão ofensivo, quanto dizer que o Zico é vascaíno!

Hoje dá cadeia chamar alguém de “surdo banguela”!

Banguela...era tão carinhoso chamar alguém de banguelinha...coisa que somente os mais chegados diziam. Hoje virou ofensa.

Fazer “feira” era em armazém: era tão gostoso encostar no balcão de madeira, olhar as carnes penduradas por ganchos, o café torrado na hora...ali nas vistas do freguês!

Ê saudade em que éramos todos fregueses! Você chegava na mercearia, trocava um papo furado com Seu Manoel ( pronunciávamos SeoManéu), enchia a sacola, anotava no caderninho, e seguia pra casa...não haviam os clientes, com suas impessoalidades e classificações. Éramos gente, não números. Hoje quando chego ao supermercado, me perguntam o número do meu cartão, se é gold, platinum ou nacional. Deixei de ter nome. Deixei de ser gente. Passei a ser cliente. Ê saudade da mercearia da esquina....

O mundo mudou, e eu não gostei da maioria das mudanças...

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