Um liso e o lanche do Maurício.

O Cefet-RN possui a distinta figura do Inspetor Escolar.
Trata-se de um funcionário, devidamente capacitado, que percorre os corredores da instituição, afim de evitar vandalismo e botar a mulecada pra estudar.
Cada bloco tem um.
Quando eu estava no 2º ano de Eletromecânica, o cara do meu bloco ( bloco B) era o Maurício.
Maurício era o típico gente boa: tranquilo, fala mansa, simpático e bom de conversa.
Também era evangélico.
O fato é que Maurício tratava todo mundo muito bem. Ele até te deixava ficar vadiando pelo corredor. Desde que não fizesse barulho.
Ás vezes ocorria, e isso começou a ocorrer sempre, de eu sair da aula e dar um rolé pelo corredor. Quem já estudou no Cefet-RN, sabe que os professores não seguram ninguém nas salas.
Eu saia, dava uma volta, ia ao banheiro lavar o rosto, saia e bebia uma água...depois parava do lado da mesa do Maurício pra tomar um café. Sim, o Cefet-RN mandava café pros inspetores. Mas por causa da religião do Maurício, ele não bebia café. Bem...alguém tinha beber aquele café!
E lá ficava eu: bebendo café e jogando conversa fora. Eu e mais alguns. Normalmente quem chegava atrasado e não podia entrar na sala de aula ficava lá. Era uma espécie de sala de espera do Bloco B.
A coisa melhorou, quando Maurício começou a dividir o sanduíche. Ele dizia que a esposa dele sempre mandava dois pães, mas ele só conseguia comer um. Na verdade tinha dia que ele não comia nenhum dos dois. Parece que ele não gostava muito de pão com presunto. O que era bom pra nós...
Pois me acostumei a dar aquele rolé das 10:00. Todo dia. Saía da sala ( B-10), bebia água, ia ao banheiro, lavava o rosto, encostava na parede e bebia aquele cafezinho com sanduba...assim conhecí Lorena, mas isso é uma outra história...
Ficávamos eu, Batata ( o sósia do Marcelo D2), Wagner, Barroca e uns outros...
Bons tempos que não voltam mais...