quarta-feira, julho 26, 2006

A vida como ela é...

Noite de terça feira. Café São Brás do Midway Mall.
Um homem passeia tranquilamente pela praça de alimentação do shopping, nas mãos leva algumas revistas velhas. Os cabelos estão desgrenhados. O corpo sujo. Os pés descalços. As roupas estão reduzidas a trapos. Ele aprecia a vista, através dos janelões do Midway.
Um segurança se aproxima.
Paralelo ao primeiro segurança, um segundo guarda se aproxima, dessa vez ele não está de terno como o outro, usa o uniforme da empresa de segurança.
O homem não mexeu com ninguém. Não quebrou nada. Não criou confusão. Talvez tivesse dinheiro pra comprar alguma coisa. Talvez até tivesse comprado alguma coisa: o Midway tem Lojas Americanas e Supermercados Extra.
Mas mesmo assim, o segurança pediu a sua saída. Foi educado. Não tocou no homem. Não culpo o segurança, ele também é uma vítima.
Apesar do incidente ter envolvido apenas dois seguranças e um homem, o constrangimento foi geral. Digo geral, porque quem virou o rosto pra não presenciar a cena, também se sentiu constrangido.
O homem não vale pelo que ele é. Ele é valorizado pela roupa que usa e por sua posição na sociedade.
Compor o high society não é mais um privilégio dos justos. Aliás, ser justo não é mais um privilégio: tornou-se um defeito.
Grau de instrução e caráter não nos garantem acesso a locais públicos. Aliás, locais públicos deixaram de ser públicos. Vivemos um tempo, em que o "quê se possui" suplantou o "quê se é".
Locais como Natal Shopping e Midway Mall deixaram ( ou nunca foram) de ser locais abertos ás massas. Há uma exclusividade nos frequentadores.
A seleção começa pelo preço do que se vende, pelo bairro em que se localiza e termina no educado convite do segurança: "O senhor poderia se retirar?".
Não é a toa, que o shopping é conhecido como "templo do consumismo".
Com a moda das cotas, não duvido que em breve alguém crie uma lei cedendo "cotas em shoppings", afim de garantir o acesso das massas aos "templos do consumo".
Seria a comprovação do declínio da sociedade moderna.

20 comentários:

Anônimo disse...

quer ver como vc tambem é assim?
se esse mesmo homem, estivesse no busão, com apenas 02 lugares vagos, um ao lado dele e outro ao lado de uma outra pessoa qualquer, vc sentaria do lado de quem?não seja hipocrita?a sociedade é assim, lei da sobrevivencia, vc tb é assim, só prolifera quem se adapta ao meio.

Bony Daijiro Inoue disse...

aí depende...se do outro lado estivesse uma gostosona sentada, com certeza sentaria do lado dela ( até com o ônibus vazio eu me sentaria do lado dela) agora se na outra cadeira estivesse um gordo ( que ocupa uma cadeira e meia) eu me sentaria ao lado do homem...

hallrison disse...

Cláudio, se me permite... uma coisa é não se aproximar do desconhecido por medo, outra por preconceito. Se Bony, no ônibus, não sentasse, poderia ser por medo, mas nunca por preconceito. O shopping atua sobre o preconceito, não sobre o medo. O interesse do shopping é reprimir que os míseros coabitem com os abastados, ou os abastados naturalmente(?) se afastarão do shopping. Bony, vc escreve bem pracaraí...

Anônimo disse...

falei, se fosse uma pessoa normal, vc não sentaria ao lado do homem sujo e sim da pessoa normal. vc utilizaria o mesmo criterio dos donos do shopping, pode até tá errado, as a chance dele vir a comprar é remota e se comprar muito provavelmente, não iria pagar o prejuijo de te-lo como cliente, no caso afujentando outros bons compradores.
Acho que vc precisa aprender a ganhar dinheiro, sentir o cheiro do rastro de dinheiro... Não seja hipocrita de dizer que não, o dinheiro é bom e pode ter certeza que qto mais ganhar mais vai querer, ai vc vai mudar o visual e amaneira de pensar em relação a isso... Pense, se vc fosse dono no dono da loja e não como 2H ou lula das outras epocas e nem como hobbin woood, falando em lula, vê como ele mudou...

Anônimo disse...

hallrison, vc pode dizer que não, mas o medo e o preconceito, neste caso vão estar juntos, sendo então mais preconceito, parta do principio que ele é normal, só tá mal arrumado e sujo, pq ter medo...

Bony Daijiro Inoue disse...

virou fórum de debates...

Bony Daijiro Inoue disse...

Amigos...a grande questão, não é onde eu me sentaria no ônibus. A grande questão, é o motivo de um local público, deixar de ser público. Apesar de ser propriedade privada, o shopping é de acesso público e deveria ser permitido a todos a sua entrada e permanência.
Ganhar dinheiro é uma coisa, tratar outras pessoas de forma privilegiada simplesmente pela posse do dinheiro, é outra coisa completamente diferente!
Quando as áreas VIP´s surgiram nos EUA, era dedicada áqueles clientes fiéis, que frequentavam a empresa a muito tempo. Independente do status social.
Hoje em dia, grandes espaços públicos se tornaram áreas vip´s!
Ponta Negra é um exemplo claro disso...
Não é hipocrisia da minha parte, e gostaria que fosse, questionar esse tipo de situação, mas realmente me constrangeu.

Anônimo disse...

tudo em questão é dinheiro, ora se o shopping é um centro de compras e um cara nesses trajes causa algum tipo de constrangimento e para um centro de compras isso pode levar a afastar os clientes, eu mesmo não me sentiria constrangido, pense como se fosse seu estabelecimento, vc iria querer um prejuizo, as vezes é melhor ficar sem o cliente e deveria sempre ter as artemanhas para evitar issso. qdo vc entra no shopping, geralmentetem um guarda, é pra isso que ele serve...

Anônimo disse...

vc vai se filiar ao PTesquerda ou PSOL já te digo, se continuares assim meu voto não é teu... moralismo barato, parece candidato

Bony Daijiro Inoue disse...

Esse é o ponto chave: a valorização do dinheiro em detrimento ás pessoas. O que eu questionei, é que o cidadão fosse impedido de entrar, por aparentar ser miserável. Infelizmente, há uma barreira social que divide "pobres" e "ricos". Não se diferencia mais as pessoas entre bons e maus, mas entre ricos e pobres. Esse é o ponto.

Anônimo disse...

isto é capitalismo, democracia,lei da sobrevivencia... há diferença entre ser e estar pobre, isso vai diferenciar um dos outros, hoje temos que fazer dinheiro, pra arranjar boas mulheres, procriarmos, dar o melhor pros nossos filhos, para eles tb arranjarem bastante dinheiropara arranjarem mulheres......e asssim vai a vidinha(vou ser criticado)
O dinheiro é o centro, tudo gira a favor de quem tem, quem não tem vivem as margens( nosso amiguinho ai do shopping)

Anônimo disse...

Gente isso nao se trata de preconceito. Se trata de adequacao ao ambiente, um cara de terno e gravata nao atravessa a favela do maruim ileso, um mendigo nao atravessa o shopping. Da mesma forma que um mauricinho vinda da praia de bermuda desclaco e sem camisa tbm nao. Se shopping nao tivesse seguranca pra botar mendigo rpa fora ele seria igualzinho ao alecrim. O mundo nao eh justo, mas nao da pra ficar procurando pelo em ovo...

Anônimo disse...

acho o topico interessante, mas pra ficar melhor é preciso sair do anonimato, não adianta só uns colocarem seus nomes e dar a cara a tapa pra bater e vir um sem identificar-se e expor suas ideia, é sinal que não tam coragem de defende-la ou seja um frango despenado sem coragem de defender seu território

Bony Daijiro Inoue disse...

O grande ponto da questão, não é a roupa apropriada para o ambiente apropriado, mas sim a maneira como lidamos com o dinheiro. Não O usamos só pra comprar coisas, mas também definimos, baseados nele, quem deve e quem não deve estar conosco, no mesmo ambiente.

Anônimo disse...

isso mesmo...mas tá certo ou isso é totalmente errado?essa é a verdadeira questão, o comportamento que devemos tomar, julgar que os guardas estavam errado, se nos mesmos discriminamos esta pessoa em outra situação que nos envolve(no caso no onibus)...
PS: ainda gostaria que o anonimo se identificasse

Mascis disse...
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Mascis disse...

Bom, eu nao entro no mérito da questao no que diz respeito a estar certa ou errada essa segregação baseada em dinheiro. Mas se agrupar baseado em afinidades seja elas quais forem, é uma característica inerente ao ser humano desde quando ainda andávamos de quatro. Conheco grupos de intelectuais que nao se misturam com quem não for intelectual, bombadinhos que discriminam fracotes, maconheiros que nao saem com caretas, gente humilde de periferia que acha que classe media é um bando de riquinho que tem mais é que se foder e gente que tem grana que despreza quem não tem, pra mim é tudo farinha do mesmo saco. E quem falar que nao discrimina ta mentindo, o que muda é só o grau. O exemplo do mendigo no onibus foi muito apropriado.

Ps. Sou o anonimo ai de cima, nao tinha conta aqui no blogger quando postei :p

Bony Daijiro Inoue disse...

Chegamos onde eu queria: a discriminação pela discriminação...é um assunto interessante que pode nos levar bem longe!
Agradeço as opniões postadas e a forma como todos trataram o assunto em questão.
Mas há um porém nas formas de discrimição apontadas pelo Velhinho: enquanto alguns se agrupam por afinidade, outros tentam se proteger em grupos de abastados, onde não conta muito o seu caráter, mas sim a sua conta bancária, de preferência nas Ilhas Cayman...

Anônimo disse...

velhinho, gostei de sua opinião, tem muita coisa a ver, alias acho que todos os comentarios foram bons...
Bony, meu irmão acho que precisamos ter conta nas ilhas cayman... hehehehehehe

Mascis disse...

Concordo com voce bony! Principalmente no que diz respeito a ter uma conta nas ilhas Cayman, tbm quero a minha! hehehe...

A proposito, gostei bastante do seu blog, parabens! :)

 
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