Um liso, um amigo e as garotas perdidas

03:00 da madrugada de domingo. Eu e Hallrison deixamos quatro jovens em casa. A mais velha tinha 18 aninhos: bumbum arrebitado e seios duros, tal qual os da Adele Fátima.
Três delas pedem nossos telefones. O olhar de alegria e o convite pra entrar são sinceros. Subo as escadas com uma no colo: Everlin*. Quinze aninhos...linda...Deus, quando moldou aquele corpo, olhou e comentou com Lúcifer: "Eu sou O cara!!!".
Deitei Everlin na cama. Ela me olhou e deu um gemido.

04:00 horas antes em uma praça de Caicó/RN.
Um grupo de 06 meninas entre 15 e 18 anos carregam uma menina de seus 15 anos pra fora de uma boate. A menina está desmaiada.
- Ela tava bebendo cana...
- Ela tá bem?
- Sei não visse...
- Má foi u quê?
- Beba...apagô no banheiro...
- Vixe...
De passagem pelo lugar, eu e Hallrison paramos pra ver o rebuliço.
- Como é seu nome?
- Andréia*...
- Andréia, eu tô de carro aí, quer que nós levemos sua amiga pro hospital?
- Você faria isso?
- Eu não, mas ele sim...- digo apontando pro Hallrison.
Andréia começa a gritar pro povo que tumultuava o lugar:
- Gente saiam de cima dela...
- Vamu levá ela pro hospital...o menino tá de carro e vai levá ela...
Carregamos a menina pro carro. A bordo eu, Hallrison e mais quatro garotas.
Hospital Regional do Seridó, na recepção da emergência, uma enfermeira e um soldado da PM.
Hallrison carrega a garota do carro pra enfermaria. O hospital é precário.
A garota desmaiada, começa a vomitar. Não sai comida.
O médico chega na porta, olha pra garota estendida na cama quebrada e manda aplicar glicose. Ele não perguntou nada. Não quis saber se ela tinha alguma alergia, doença hereditária, idade, nome, nada...ele não passou 30 segundos na enfermaria. O PM que fazia a segurança do lugar passou mais tempo com a garota, do que o médico. Saúde pública é uma merda.
A enfermeira aplica a glicose. A moça continua vomitando. A pressão dela baixa. A pouca consciência dela se esvai.
A enfermeira sai despreocupada.
Nas próximas 03 horas, a menina vai se recuperar. Nestas 03 horas, ninguém do hospital aparece na enfermaria.
Eu, Hallrison e Tamila* colamos ao lado da menina. Temíamos que ela sufocasse em vômito. Ela está inconsciente, não consegue ficar sentada.
As outras duas amigas dela, pela pouca idade que tem, não sabem o que fazer. Eu, por causa de um curso de primeiros socorros bancado pela CVRD e Hallrison que é escoteiro, sabemos.
De cinco em cinco minutos nós a sentamos pra que ela vomite, verificamos pressão e sinais do corpo.
Quando ela recupera a consciência, a levamos pra casa. São 03:00 da madrugada de domingo.
Deitei Everlin na cama dela, abrimos as janelas, a cobrimos com um lençol e deixamos Raquel* cuidando dela.
Peguei os telefones das três. Elas pegaram nossos telefones. Pedimos pra nos ligarem, caso precisem.
No domingo liguei pra saber como ela estava. Estava bem.


*nomes alterados pra preservar a identidade das meninas.