quarta-feira, maio 31, 2006

Um liso, umônibus e um pedestre


Estava eu, alegre e sorridente, confortávelmente instalado em um ônibus, amigavelmente lotado.
Era um Nova Parnamirim - Via Praça, que havia acabado de sair de uma mini greve.
Eram pouco mais de 18:30. Eu estava na parada desde as 17:40...
Pois bem, ia eu para a UFRN, á bordo daquele ônibus lotado, quando de repente, todos ouvem um baque surdo. O quê seria?
O motorista pára o busão, silêncio total. Até que alguém esclarece o ocorrido: o motorista atropelou um cara.
- Ele morreu? Meu Deus do céu....
- Vixe Nossa Senhora...e agora?

O motorista trava as portas, desce acompanhado de uma agonia latente, e retira o coitado de debaixo do ônibus.
Era um rapaz. Magro. Alto. Ia pra aula.
Ele não morreu.
Na verdade ele nem se machucou.
O ônibus tinha pego de "raspão".
Ele teve sorte.
O motorista "suava em bicas". Em sua cabeça automotiva, uma senhora ia acompanhada de dois meninos, levar uma marmita, pra um preso, ex-motorista de ônibus...
O cobrador olhava assustado. Era testemunha. Talvez fosse considerado cúmplice.
Um ônibus lotado, parado, tende a acumular calor latente. Traduzindo: "pense num calor!".
Enquanto o motorista chama a SAMU, o atropelado se lavanta.
O rapaz parte pra cima do "motora". Populares que passam tentam contê-lo.
O rapaz está indignado. A raiva toma conta dele.
Ele diz empaupérios. O motorista não reage.
Dentro do ônibus, os passageiros banhados em suor, rebatem os empaupérios.
Alguém dentro do ônibus, provavelmente banhado em suor, sugere que amarremos o rapaz atropelado, e o re-atropelemos. A idéia ganha adesões, mas é deixada de lado.
O rapaz "se evadiu-se" do local.
O motorista continua nervoso. Ele pensa em aderir a uma igreja evangélica.
Ele senta. Bebe uma água.
Quando ele finalmente recupera o controle emocional, retoma o controle do coletivo e continua o trajeto.
Na esquina da Av. Romualdo Galvão, ele decide cortar caminho.

- Minha Nossa Senhora...de novo!?
- Vixe...o velhinho "sifudeu-se"...
- Morreu não, mas foi quase...

Ao fazer a curva, freia bruscamente em cima de um velhinho, que trazia várias sacolas do Extra.
O idoso, que era negro, estava alvo como a neve. O medo transforma.
Populares ajudam o velho a terminar a travessia da rua. O motorista entra em desespero.
Mais alguns segundos e o "motora" volta a dirigir.
O trajeto prossegue normalmente.
Ao chegar em casa, o motorista deve ter pensado em mudar de profissão...concordo.

2 comentários:

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