terça-feira, maio 30, 2006

Um liso molhado, uma mulher e uma poça

Estou eu, alegremente vindo para o trabalho, ás 07:00 da madruga, alegremente acomodado em um ônibus, confortavelmente lotado, quando de repente, começa a chover. Uma chuva forte. Pingos grandes. "Mó toró!".
Desço na esquina da Av. 2 com a Av. 9, em frente ao Bradesco do Alecrim. O cruzamento dessas duas avenidas em dias de chuva se transforma em um pequeno e singelo lago.
Espero todo mundo atravessar a rua, em uma tentativa desesperada de esperar a "água baixar".
Quando todo mundo passa e a "lagoa" diminui, eu atravesso a rua correndo. Do outro lado da rua, no MaCnild´s ( uma lanchonete no camelódromo), uma mulher caminha. Não era nova, nem velha: tinha seus 34 anos. Era gorda.
Com a chuva, a calçada do Macnild´s ficou escorregadia. A mulher caminha vagarosamente, ela não sabe o que a espera.
Enquanto eu corria, na tentativa de atravessar a rua, uma van vem no sentido contrário, pela Av. 2. A mulher vê, fica com medo de ser molhada pela passagem da van por uma poça d´agua, empaca. Estanca. Fica paralisada.
Enquanto isso, eu corro em direção á calçada e com isso, á mulher. Quando ela empacou, eu havia acabado de pisar na calçada. Não conseguí freiar a tempo. Acabei empurrando mulher.
A pobre fêmea, com a força do impacto, voou pela calçada, caindo na rua, justamente na poça d´agua que ela tentava evitar. A poça era tão grande que dava pra nadar nela...
Nesse momento, eu parei, olhei a cena de olhos arregalados ( tanto quanto é possível aos meus olhos nipônicos) e corrí!
Não, eu não prestei socorro. Sim, eu fiquei com medo da mulher. Isso mesmo , eu poderia ter sido linchado pelos camelôs!!! Temí pela minha vida...
A mulher ficou lá, atirada na água. Eu corrí, e só parei de correr dentro da segurança e do conforto que só uma Base Naval da Marinha pode oferecer. Corrí 05 quarteirões. Ainda não sei como atravessei a Av. Amaro Barreto. Não me lembro de ter passado pela portaria da Base.
A única coisa que me lembro, depois da queda da mulher, é estar passando pela Sala da Guarda e ouvir um Sargento me perguntar se eu estava bem...parecia pálido...
A imagem da mulher se debatendo dentro da poça não me sai da cabeça...acho que ouví alguém rindo dela...é um mundo cruel...muito cruel...

6 comentários:

Djamiro Acipreste disse...

Devo registrar que faz tempo que não dou gargalhadas lendo um texto, parabéns...conseguiu isso!
Invistas nestas crônicas, são fantásticas...o mundo é cruel...raciocínio jurídico perfeito, omissão de socorro pode ocorrer desde que a pessoa se sinta ameaçada....fantástico!!!

Anônimo disse...

Você poderia ser preso por atropelamento, tentativa de homicídio e omissão de ajuda.

Bony Daijiro Inoue disse...

Meu Deus...me tornei um fugitivo?

Anônimo disse...

Trabalho com Fawller.De vez em quando leio suas crônicas. Algumas vezes por indicação dele. - "Leia aí." ele fala e me passa a impressão. E realmente há bastante tempo não lia algo tão engraçado!!! Fico pensando se o "liseu" não seria a principal fonte de inspiração para tantas crônicas legais, além, logicamente, de sua competência. Parabéns!!

Anônimo disse...

essa é muitop boa!!!!!
não contive a gargalhada
acho que deverias lançar um livro de cronicas ou piadas mesmo, teu humor negro éw muito bom, pobre da mulher, não tão feia e nem bonita, mas molhada
muito boa mesmo(a cronica)

Anônimo disse...

Nice colors. Keep up the good work. thnx!
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