segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O declínio do reino de Salomão

(I Reis 11)
Sentado à sombra de uma figueira enquanto espera a caravana das cinco para Efraim, Jeroboão assovia feliz. Vez em quando olha para trás, para as recém-reformadas muralhas de Jerusalém. Ele veio à capital justamente para trabalhar naquela obra. A vida no norte era cada vez mais dura, e a população migrava em massa para o sul, para a vibrante cidade de Davi. Nem todos, porém, tinham a sorte que Jeroboão teve. Um dia, enquanto vistoriava as obras, o rei Salomão notou a vontade com que aquele israelita trabalhava sob o sol alto do meio-dia, cantando as canções do norte e as moças que passavam por perto. Impressionado com a vivacidade do rapaz, Salomão chamou um dos supervisores da construção:
— Ô, véi. Chega aí. Quem é aquele mano ali?
— Jeroboão, filho de Nebate e Zerua. A família é de Zereda, na tribo de Efraim. Zerua é viúva, e criou o menino a muito custo. E ele, assim que teve a oportunidade, veio para o sul tentar a vida.
— O moleque é sangue bom, então?
— É sim senhor.
— Da hora... Ô mano! Você memo! Chega aí! Cê que é o tal de Jeroboão?
— Sim sinhô, sim sinhô.
— Nome feio da porra, véi!
— Nome feio? Arre, égua! E o nome do fio do sinhô num é Roboão? É quase o mesmo!
— Ixe, podicrê. Me pegou. Aê. Fiquei sabendo que o mano veio lá do norte, na humildade, pra morar nas quebrada da periferia e arrumar aí as correria pra se garantir. É isso aí memo?
— Graças a Deus e meu padim Ciço.
— Quem?
— Nada não sinhô.
— Aê, se liga: vou botar você de chefe aqui da parada, tá ligado? Quero ver você só nos pano, cheio das mina e pá.
— Ô, excelença! Fico muito gradecido!
— Se liga, mano. Só na humildade aí. Paz.
Desde então Jeroboão vinha atuando como encarregado de todos os trabalhadores forçados que vinham das tribos de Efraim e Manassés. Meses depois, o vemos à sombra da figueira contando os minutos para chegar de volta à sua cidade natal. Veste suas melhores roupas, e traz o cabelo meticulosamente engomado. Pensa na surpresa da família ao vê-lo chegar, tão diferente, tão mais corado e bem vestido. Pensando nisso, sorri e assovia. Sente que sua vida chegou ao auge. Supervisor de obras na capital do reino, que maravilha! Nunca alguém de Zereda chegou tão longe...
Se quiser ler o resto da estória, vá ao Jesus me chicoteia. Vale a pena uma visita!

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